CARTA DE PRINCÍPIOS DO GRUPO DE ESTUDOS AGROECOLÓGICOS “AGROCRIOULO”
1) O Grupo Agrocrioulo se constitui um coletivo que trabalha de forma horizontal, articulando a comunidade universitária da UENF na construção da agroecologia dentro e fora do espaço da universidade.
2) Entendemos que a agroecologia se constitui como um novo modelo de sociedade, que possui como base ser socialmente justa, ambientalmente sustentável e economicamente viável e com princípios socialistas.
3) Todas as experiências desenvolvidas pelo grupo devem prezar pela construção coletiva, jamais sendo de forma impositiva e intervencionista. Estas experiências não devem ser encaradas somente como pesquisas, mas sim atender a demanda local de agricultores e estudantes que buscam a agroecologia.
4) É dever do grupo combater o modelo de produção capitalista do agronegócio, entendendo que este é um modelo irreversível que causa degradação ambiental, pobreza, exploração do ser humano e jamais poderia existir em conjunto com a agroecologia.
5) O grupo deve zelar pela diversidade da região, preservando as sementes crioulas e os saberes de agricultores e comunidades tradicionais, combatendo as sementes transgênicas e os “pacotes” tecnológicos impostos pelo agronegócio.
6) Lutar para que a UENF e a região sejam territórios livres das monoculturas e abertos ao ideal da agroecologia, devendo participar das lutas dos movimentos sociais e estudantis que possuem a agroecologia como instrumento de luta.
7) O Agrocrioulo deve se inserir nos espaços da universidade com o objetivo de pautar suas bandeiras e promover a mudança do modelo de educação dentro da UENF. Devemos alcançar um modelo de educação popular e uma universidade realmente pública e democrática para todos.
8) Quem adota a agroecologia como modo de vida, aprende que o ser humano é parte integrante da natureza e que a utilização de agrotóxicos e insumos químicos não são necessários e atentam contra a vida.
9) Entendemos que a atual juventude passa por um forte processo de cooptação pelo capital levando a uma séria deturpação de valores e ações. Cabe ao grupo resgatar e propor os valores e a cultura que compõe a agroecologia, dentro e fora da universidade.
10) Cada membro deve zelar pela integridade do grupo, respeitando os companheiros que dele fazem parte e mesmo discordando de regras impostas pela universidade e sociedade deve-se as fazer de forma que não traga problemas para o grupo e não façam desmerecer a causa.
11) Agroecologia pressupõe igualdade de gênero e entendemos que as mulheres têm papel fundamental na construção desta nova sociedade. Cabe ao Agrocrioulo pautar o debate de gênero dentro da UENF e se inserir nas lutas dos movimentos feministas.
12) O Agrocrioulo é contra qualquer tipo de preconceito, seja ele social, sexual e outros, devendo combater estes. Acreditamos que a diversidade constrói a agroecologia.
13) O Agrocrioulo possui como bandeiras estratégicas: Ciência e Tecnologia, Educação, Juventude, Cultura e Valores, Gênero e Sexualidade. Cabe ao grupo aprofundar essas bandeiras e de acordo com a conjuntura trazer outras.
14) O Agrocrioulo deve possuir independência financeira, sendo a autogestão um objetivo estratégico para se alcançar esta.
15) Sendo a região reduto de trabalho escravo e de latifúndios improdutivos, cabe ao grupo combater este tipo de trabalho degradante e lutar pela Reforma Agrária, entendendo que somente quando o homem e a terra forem livres a agroecologia será construída.
16) Cabe a todos os membros do Agrocrioulo zelar pela carta de princípios devendo revisá-la todos os anos para que se possa acrescentar ou não novos elementos de luta. As mudanças de pontos devem ser feitas somente quando o objetivo for atingido ou quando o foco for mudado.